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Mensagens

A mostrar mensagens de julho, 2010

Açores - à deriva pelo oceano

São famosas as quatro estações num só dia, mas a fama não é correcta, numa só hora navega-se de um esplendoroso dia de primavera para um carregado dia de Outono, que se alivia com chuva forte mas rápida e dá lugar ao sol que enxuga as ilhas. Há locais que estão tão impregnados em magia que ao viajar de novo para casa paira a ideia de se ter vivido a realidade de um sonho e não umas férias inesquecíveis.

Terceira

Terceira Nas paisagens bucólicas recortadas pelas hortênsias do seu interior escondem-se segredos como o Algar do Carvão. É uma gruta escavada pela lava a uma profundidade impressionante que proporciona a experiência de passagem do mundo da luz - cheia de exuberância vegetal - às trevas, com uma acústica que pede canto gregoriano, quase o ouvimos. No fundo um grande lago que estremece as entranhas da terra. É passear nos intestinos de um vulcão em actividade, agora fóssil. Angra do Heroísmo é uma cidade que apetece percorrer a pé, com um jardim maravilhoso e cheia de gente descontraída e simpática. Nota comum em todos os açorianos. Traços de personalidade que marcam tanto o sentir das ilhas como o mar, a geografia ou as brumas. O Monte Brasil é uma pequena península que avança pelo mar carregada de floresta onde se encontra a imperdível Vigia da Baleia, um miradouro branco, com uma casinha que protege do sol quem ali vá. À sua frente o mar cristalino e azul, e com sorte a emoção de avi

S. Miguel

S. Miguel A maior ilha e onde a comunicação pode ser mais difícil. O sotaque é mais cerrado que em qualquer outro local, mas é uma questão de treino. São precisos alguns dias para percorrê-la toda. É um verdadeiro parque de diversões para amantes da natureza, tem tantas atracções que é necessário fazer uma lista. A não perder: A Lagoa do Fogo, de arrepiar de tanta beleza; a Lagoa das Sete Cidades; as Furnas e os seus banhos em D. Beija, águas quentes brindadas pela montanha; Ferraria, na costa norte, banhos quentes/escaldantes em pleno oceano Atlântico – só entrando naquela água se acredita; o ilhéu de Vila Franca, um enorme rochedo oco, lá dentro esconde uma praia paradisíaca; a Caldeira Velha, a praia de Santa Bárbara, o Nordeste da ilha, etc, etc. Na ilha de S. Miguel começamos a pactuar daquilo que é a surrealidade dos Açores, experiências de beleza tão fortes que mais facilmente associamos ao reino da fantasia do que à paisagem de uma ilha a navegar no oceano. Caso não se frequent

Ilha das Flores

Ilha das Flores Chegando às Flores mudamos o vocabulário. Mudámos de placa continental, já estamos na americana, é uma terra imune aos terramotos. D. Gracinda, há dez anos, mudou-se do Faial para aqui pois não aguentava mais nenhum tremor de terra. O marido não quis, mas ela não hesitou. “Ele vem cá e eu vou lá quando se pode, mas não aguentava ter de reconstruir novamente a minha casa. Aqui nas Flores estou sossegada.” Talvez a ilha mais selvagem das nove, aqui sente-se o isolamento de outra forma. Não é só a distância física - que é bastante das outras ilhas e claro, a maior do continente (Flores e Corvo compõem o grupo oriental dos Açores). Aqui vive-se um estado de espírito diferente. As doze horas que de barco se demoraram a aqui chegar, vindos da Terceira, atestam-no. Não fossem as baleias e os golfinhos avistados, bem como a Graciosa, S. Jorge, o Faial e o Pico que interrompem majestosamente a paisagem de azul marítimo, e até diríamos a viagem longa demais. Mas as Flores é um sí